quinta-feira, 18 de junho de 2009

Santas Expressões Idiomáticas!


Exatamente.

Santas expressões idiomáticas que me fizeram passar algumas poucas e boas.

Como eu contei no post da Pocahontas, sou estrangeira em terra estrangeira desde os 9 anos.

E gosto da minha vida livre de Zíngara, de Gypsy, de Cigana. Já pensei até em comprar um Vurdón e viver nele (o Vurdón é a carroça cigana com tenda redonda por cima!).

O pó da estrada nos ensina muitas coisas. A primeira delas é que você é, foi e sempre será você mesmo.

Sempre que precisar, sabe que é com você mesmo que tem que contar em primeiro lugar. Aprende a confiar em si e a resgatar tudo o que aprendeu.

A segunda coisa é que não importa aonde você for, nunca fugirá de você. Portanto, desista se você tem a idéia de "rodar o mundo" pra fugir dos problemas. Eles, ou melhor, o causador da maior parte deles irá junto de você.

A terceira coisa é que não adianta você se camuflar e tentar mimetizar os usos e a fala do lugar. Esqueça que vai conseguir falar igual aos nativos. Seu sotaque denunciará você, onde quer que você for.

Sotaque??? Sim. Todos nós temos sotaques e quanto eu me flagrei falando "você está entendendo" em sala de aula aqui no Paraná, percebi que meu jeitão paulistano não havia desaparecido. Coloque bastante som nasal nos N dessa palavra e perceberá o que estou dizendo.

A capital paulistana impingiu marcas indeléveis em mim, das quais eu nunca me livraria, mesmo que quisesse. Quando no trabalho eu chamo minha amiga paulistana de "Janethi" e acrescento "você quer "leithi quenthi"? ela entende bem sobre o que estou brincando. Sobre nossa homesick.

Mas até agora só falei de mim, santa egocêntrica que pareço ser!

A questão complicou e ficou engraçada, quando alguém falou comigo, lá em Irati, no meu primeiro mês como nova moradora da cidade.

Alguém virou e me pediu "E., me alcança o lápis?". Eu olhei o lápis ao meu lado, olhei pra ela, ela olhou pra mim e num lapso de alguns segundos pensei "o que será que ela quer dizer com alcançar?". Entendi que era "pegar" o lápis e atendi ao pedido.

Mas aquilo ficou soando estranhíssimo aos meus ouvidos...Saindo dali uma aluna, caminhando comigo e observando o ceú me diz "o céu está brusco hoje, não é profe?".

Brusco?? Santas expressões idiomáticas!

Olhei para o céu e como estava "enfarruscado", entendi sobre o que a aluna solicitava minha confirmação.

Mas agora peguei você de jeito, não é? Enfarruscado?

Talvez quem seja de São Paulo entenda o que eu disse. Esse adjetivo quer dizer "nublado", "tempo instável", da mesma forma que brusco.

O estranhamento se deu devido ao significado que "alcaçar" e "brusco" tem para mim, falante de portugês igualmente a meus interlocutores.

"Alcançar" significa esticar-se para tocar algo em um lugar mais "alto".

"Brusco" significa algo que "movimentou-se rapidamente e de forma inesperada".

Mas o gran finale vem agora.

O Denzos, amigo de meus filhos estava lanchando em casa numa tardinha morna qualquer lá em Irati e ao concluir seu lanche, me disse "Deus que ajude"!

Parei, olhei pro Davi, depois olhei pra Raquel...e depois de algum silêncio eu disse ao Denzos:

"O que eu tenho que dizer agora?"

Holy God!

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