segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Um mundo ideal?


Acabei de receber um email com duas piadinhas sobre mulheres do século 21. Falavam de auto-estima alta, independência e de príncipes que foram kiked of de suas vidas.
Fiquei aqui pensando sobre isso. Mulheres independentes (como eu já havia escrito em outro post aqui) e um imaginário idealizado de independência e potência.
Se a complementariedade se dissolve e as mulheres se tornam "homens mal acabados", caminharíamos para um mundo uníssono? Um mundo ideal, mas com pessoas mal acabadas?

Os homens à cada dia vão se aprimorando e assimilando a feminilidade.

Aquilo que, um dia, se chamou metrossexualidade estagnou-se numa meta morfose inacabada: assim como as mulheres, esses homens pretensamente são homens, porém com embalagem de mulher.
Àqueles que rejeitaram tal deformação e ainda se posicionam como homens, restou serem comparados a ogros grosseiros, espécime ainda muito requisitado entre algumas camadas da população feminina involuída. Ou restarem casados e criarem pança e careca.

Já reparou que não encontramos homens "livres"? Estão sempre atrelados à uma mulher (pelo casamento), à duas mulheres (pelo concubinato) ou à outro homem. Se acaso encontra-se um homem disponível, imediatamente vem a idéia de que "algum problema ele deve ter".
Se as mulheres querem independência, os homens não a querem? Ou não será bem essa a ordem no silogismo?
De outro lado temos as mulheres independentes que querem homens perfeitos.
Em que mundo estamos?
A mídia nos oferece uma enxurrada de ícons que não pedimos, de mulheres ativas, independentes, bem sucedidas, ultra bem cuidadas, ricas e sozinhas. Basta observar os desenhos infantis com hyper female heroins para entender que estão em fase de incubação novas mulheres potentes.

O pushing do encapsulamento está nos levando à fronteiras perigosas e salvaguardando espaços de controle antes inimagináveis.

Cada um encapsulado em sua própria individualidade, associando-se à isso tecnologias para garantir a sobrevivência do que aí já está: o sistema que oferece os fetiches e seus objetos sexuais inumanos, a facilidade de conexões via redes midiáticas sociais, a promessa de prazer ininterrupto e, para o caso de necessidade, a fertilidade in vitro para pais e mães solteiros.

Queremos esse mundo?

Saudades do tempo das relações humanas.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O verdadeiro poder criador



Após um longo e congelante inverno, retorno ao meu blog incipiente com mais um texto provocativo.

Pensar é algo que nunca deixamos de fazer, pelo menos é o que mais acontece nestas minhas esferas direita (haja racionalidade!) e esquerda ( imaginando e criando).

E foi pensando que cheguei à algumas filosofias cotidianas esdrúxulas, mas que cativam alguns leitores com massa encefálica mais aguçada e sensível.

Como eu já disse pessoalmente, ser homem não é, nem nunca foi nada fácil. Às mulheres é dada a liberdade de ser e não ser ao mesmo tempo. Não existe à toa o grande dilema de Hamlet, o príncipe deprimido da Dinamarca, o de ter que refletir sobre ser OU não ser.

As mulheres são educadas por mulheres, logo, fica fácil circunavegar pelas águas informes femininas, ora profundas e densas, ora rasas e histéricas, estéreis. Para ser mulher, não há crise, a não ser aquelas relacionadas às fases lunares e fluxos que vão e vem qual a maré.

Já os homens são educados, nada mais, nada menos pelas mulheres. São as mulheres que dizem aos homens que devem ser homens. São as mães que erotizam seus filhos homens e que indicam caminhos a serem escolhidos vida à fora.

Os homens não se livram das mulheres, nunca. Criam clubes restritos, religiões excludentes, buscam refúgio em cavernas grotescas para negarem e se esquecerem das mulheres que os educam e seduzem. Mas é em vão.

É só voltar às ruas, às casas e lá estão as fotos sobre a estante, as flores no vaso, a capa sobre o liquidificador estorvando o acesso. A casa da mãe nunca fica longe demais. Alguns até exigem que suas esposas tornem-se suas mães, chegando até ao cúmulo de assim as chamarem, tal a dependência.

Os homens fogem às mulheres. Já dizia Dr. Freud que o poder da criação é feminino. É a mulher que tem o poder de gerar vida. Os mitos tentam enviesar esse poder, atribuindo-o à Brahma, Urano, Yawé. Mas a realidade é ocultada por mitos patriarcais.

Os homens fogem ao poder criador da mulher e, de alguma forma, precisam salvaguardar-se desse poder de dar e de tirar a vida.

Os mitos ancestrais contam que foi Lilith a primeira mulher de Adão. Como sua alma era indomável, recusou-se a estar "por baixo" do marido. Deus até tentou explicar que era "natural" que a mulher se submetesse, porém Lilith era livre, consciente de sua sexualidade e caminhou a estrada para fora do Éden.

Essa parte ninguém nos conta, não é mesmo?!

Lilith foi matriarca de um povo que conheceu a liderança feminina. Ela é a noite, a própria lua. Os mistérios que envolvem o feminino, provém de Lilith, mãe geradora, deusa do amor e do sexo, controladora das forças inconscientes (assim como Afrodite, Vênus, Inanna, Ishtar).

Lilith é Eros, a força do amor criador (a LUA), em contrapartida a Logos, a força da consciência, do trabalho, da realização (o SOL).

O que é racional é estreito. O que é irracional é dual, é largo e profundo, denso e raso.

Por isso que os homens fogem às mulheres. Pela força multi direcionada, multi focalizada por ser irracional e indefinida.

Segue a Cabala contando que Deus criou o SOL e a LUA como luzes para reger o dia e a noite. Como tudo é cíclico, o sol e a lua se auto completam, assim como o racional e o irracional, o dia e a noite, a luz e as trevas, o masculino e o feminino, o Yin e o Yang.

O que seria natural, então, seria a complementariedade entre masculino e feminino. Entre Adão e Lilith, entre homens e mulheres.

Como eu dizia ao início, não é fácil aos homens se livrarem do poder gerador feminino. Para isso contribuíram religiões, culturas, costumes que procuram abolir, exterminar ou sobrepujar o poder que tanto temem.