domingo, 28 de junho de 2009

Sweet dreams are made of this


Domingão à noite, meu filhão comigo aqui em casa, muitas conversas e idéias novas. Mas para postar não sobrou muito tempo.

Vai então uma foto do show do Nega Fulô, do dia 20/06, "disco dancing" como diz Borat.

À cada fase da vida nós vamos nos moldando, nos construindo e reconstruindo.

Vamos aprendendo a ser melhor nós mesmos.

Na foto, Rafael e Cristina, meus novos amigos e co-autores da Srta Fisher, que in realtá é criação da Eveline e a turma decidiu por adotar-me sob este nome.

Sweet dreams are made of this!

sábado, 27 de junho de 2009

Mulheres como homens mal acabados



Eu estava escrevendo outro texto, iniciado outro dia e com outra perspecitva. Porém, ao terminá-lo, não me senti satisfeita

Troquei de página branca e comecei este com a última frase do outro: O problema é que as mulheres se transformaram em homens mal acabados e tudo virou uma grande messaround!

Como mulher tive anseios de igualdade, agi, deixei aflorar minha intelectualidade, lapidei minha inteligência e tomei as rédeas de minha vida, tanto familiar, como financeira. Escolhi caminhos pouco ortodoxos e tenho os rumos do meu destino (pelo menos, eu acho isso).

Porém, nesse trajeto todo não deixei de observar o que as mulheres fazem e desejam e fui me questionando sobre o que via.

O papo de igualdade com os homens, levou as mulheres a uma deformação, que à mim é nauseante, imagine aos homens!

As mulheres hoje bebem demais. Empunham copos de cerveja como se fossem espadas. Dão vexames homéricos e perderam a noção de onde estão seus sapatos.

As mulheres hoje acham bunda de homem uma coisa linda! De onde elas foram retirar isso? Há tanta coisa em um homem para se achar lindo. Só podem estar assimilando o que ouvem e trocando o objeto.

As mulheres hoje dirigem mal. Tem atitudes masculinas ao trânsito e só faltam cuspir pela janela. Onde foram parar o bom senso e os bons modos?

Fico atônita ao ver mulheres lindas, cabelos chapadinhos, roupinhas fashions, porém dando cantadas e chamando homens para sair.

Há outras que chegam pegando e levando e depois caem em crises federais, porque a atitude não foi nada digna. Perdem-se. Esfacelam-se, virando nada.

E os homens adoram. Não tem trabalho de ir caçar. Tratam as mulheres como colegas (chamam de meu, porque perderam a capacidade de distinguir).

Você pode estar achando meu post careta. Não é.

Quando as diferenças perdem a fronteira, há algo errado. A simbiose entre homens e mulheres é sintoma de que algo está errado.

Para ser alguém, não é necessário imitar o outro. Isso é sinal de que as mulheres perderam o rumo da própria casa e muitos homens sabem se aproveitar disso.

Ao mesmo tempo tenho ouvido alguns homens dizerem suspirando e em tom melancólico: "É tão lindo ver mulher usando saia! É isso que nos lembra que elas são diferentes de nós!"

Bons tempos aqueles!

Sayonara!

domingo, 21 de junho de 2009

Ensaio sobre a Cegueira



Peguei o filme sem acreditar muito no resultado, uma vez que não gosto de Saramago e sua filosofia um tanto quanto rasa. A estória confirmou minha suspeita.

Porém, o filme foi muito bem construído e tenho que reconhecer que o final conseguiu mudar todo meu o roteiro preestabelecido.

As cenas do filme de Fernando Meirelles, de cara, me fizeram voar à lugares meus conhecidos: as casas antigas de São Paulo, o estilo art-nouveau de alguns lugares no centro velho, as balaustradas de bares do início do séc. 20, aquelas cenas familiares da capital paulistana. Maior emoção foi ver a recém construída Ponte da Água Espraiada. Orgulho bobo de paulistana desterrada.

O filme foi muito bem planejado, com esmero artístico, a dessaturação de cores que migram diretamente para o branco, as cenas indicando a barbárie sem mostrá-la cruamente, apesar de que o diretor assume que havia sido mais "contundente" nas primeiras versões.

Pois bem, a idéia de cegueira colada à perda da humanidade eram latentes ao se observar o tema e o que pretendo refletir coincide com meu último post existencialista sobre a red-haired choice e possui dois pontos básicos:

Onde está nossa cegueira?
E onde está nosso ponto cego ou nossa cegueira psicológica?


O diretor em seu blog comenta que ao mostrar a 4ª versão do filme, obteve comentários que deflagravam sua própria cegueira, como a "gelatina inútil", termo que ele usa retirado de Rei Lear.

A primeira questão nos faz pensar: eu me enxergo?

A esposa do médico, protagonizada por Julianne Moore logo ao início está cozinhando, servindo e ouvindo, funções femininas e um tanto quanto maternas. Não ouve bem seu marido médico (liga a batedeira bem alto, enquanto ele conta sobre o caso de cegueira). Ela não se enxerga e não se conhece.

O médico, seguro de si, procura encontrar uma hipótese para a "cegueira branca" ou agnosia (incapacidade emocional em reconhecer objetos). Durante o filme e as condições extremadas que se instalam, o médico depara-se com sua impotência e fraqueza humana.

A garota de programa não pode tirar os óculos escuros, porque não pode enxergar sua condição sub-humana.

E por aí vão as estórias de nossa condição pouco auto-perceptiva.

Lembrando do texto de Roberto DaMatta (autor já citado neste blog), nós não nos enxergamos sem o Outro. Precisamos do Outro como Espelho e Guia. E eu acrescentaria que precisamos do Outro para buscarmos nossa humanidade. Mas é necessário enxergarmos e vermos o Outro e através dele, nós mesmos.

Parece que o autor, Saramago, quis nos fazer pensar que a humanização vem de um instinto que seria a proteção e auto-proteção da espécie, preliminarmente mostrados na função feminina da esposa do médico.

Como única pessoa vidente, ela pode decidir e guiar. Ao início, procura manter sua condição de Diferente dos outros escondida. Está encolhida, porém cuida e guia. Demora a assumir a responsabilidade pela humanidade inteira e vencer sua falta de coragem e adaptação ao que está imposto.

Somente quando deixa sua consciência e humanidade levá-la, assume e age, guiando, protegendo e mantendo o grupo. As ações que se desenrolam nos levam a questioar onde está nossa humanidade e o que é moralmente aceito. É o que Saramago quer fazer refletir.

A esposa deixa de ser esposa. Passa a ser guerreira e líder que "tem visão". O velho negro diz ver quem ela realmente era, para além da aparência e fragilidade física. A mulher tirou de si a energia que precisava para manter e proteger.O marido fica em sua obscuridade e fraqueza de caráter.

Como ela, nós não nos enxergamos, porque estamos ensimesmados demais para olharmos no Espelho dos olhos dos outros. Não vemos, como somos vistos. Não "conhecemos, como também somos conhecidos" , parafraseando um pouco.

Aceitar que temos "pontos cegos" é sermos feridos demais em nosso narcisismo e a maioria de nós não se abre para tal. E ao estarmos tão encapsulados, perdemos a capacidade de receber, aprender e mudar.

Nossa cegueira psicológica está em nosso narcisismo pouco afeito à arranhões.

Eu teria algo mais à comentar, porém estragaria o final do filme. Sem ter os olhos dos outros, como a mulher se enxerga?

Veja o filme!

Existencialism & Red-Haired choice


Você é o que você decidiu ser.

Aqueles que dizem "eu sou assim, porque fizeram isto e aquilo comigo" estão se desculpando pela falta de coragem.

Eu ouvi uma vez que a única responsabilidade que lhe foi dada é "cuidar bem de você"!

Portanto, não adianta usar a Katia' Syndrome e dizer que "o mundo quis assim".

O preço da liberdade é o ar gelado e rarefeito das alturas. É a solidão da singularidade, ao contrário de ser "povo marcado, povo feliz!"

Pague o preço, o preço da autonomia e individualidade, decidida com consciência e responsabilidade.

Depois que você atravessa para o outro lado, o único preço a ser pago é a responsabilidade para consigo mesmo. E sendo responsável por você, você será responsável pela humanidade inteira, como Sartre disse. Se você escolhe ser humano, logo, torna-se responsável por todos os outros seres humanos e a civilização agradece.

Ouvi inúmeras vezes que sou corajosa e várias pessoas dizem admirar minha atitude diante da vida.

Atitude, como um conceito em psicologia, significa que deve haver coerência entre o que uma pessoa pensa, sente e como ela age. Esses três aspectos devem estar em consonância. Daí sim, podemos considerar que a atitude de uma pessoa é consistente.

Quando empunhei a bandeira na minha cruzada em busca da autonomia e iniciei meu processo de divórcio, as pessoas vinham me questionar e tentavam mostrar que não era boa idéia. O que o medo de mudanças faz com as pessoas, não é?

Freud considera que a civilização trouxe benefícios ao ser humano, principalmente no que se refere à repressão dos impulsos, para que haja civilização.

Porém, acrescenta que o ser humano trocou a liberdade pela conveniência. E isso trouxe infelicidade e corroeu imanentemente a civilização. Nem preciso comentar as doenças de nosso século: depressão, ansiedade, estresse/angústia, anorexia, obesidade, e por aí vai.

Ainda pensando em termos existencialistas, cada pessoa é um devir e em construção constante. À cada dia eu me torno mais eu mesma nas minhas decisões e ações, que me negam e me confirmam. Dialeticamente, a individualidade se contrói num vir-a-ser contínuo, dependente das possibilidades que são criadas ou não.

Escolhi ser Red-haired pelo significado e pela expressão de minha personalidade e força. E isso só me custou escolher a cor da tinta.

O restante, foi comigo mesma.


Se eu calei foi de tristeza
Você cala por calar

Zé Ramalho

sexta-feira, 19 de junho de 2009

As falácias do RH


Em tempos de Gestão de Pessoas, ainda ouvir alguém falar em RH é de, no mínimo, azedar os sentidos a ponto de nos gerar uma careta (tipo quando você chupa limão).

Estamos desde meados dos anos 70 em transformação social, em mudanças de costumes e práticas, repensamos a moral e a transformamos em ética individual.

Ao mesmo tempo em que a mundialização do capital foi sendo estabelecida, os movimentos sociais empenharam-se em bradar em favor de causas humanas e ambientais, gerando assim um movimento de equilibração internamente ao capitalismo, até então predatório. Não que hoje tenha deixado de ser, mas é justamente pelas forças sociais que marcharam contra o absolutismo capitalista que chegamos à era da tentativa de equilibração.

Nem entrarei no mérito da possibilidade de apenas resistir ao sistema, que Adorno e Horkheimer apresentavam, porque se assim eu o fizesse estaria desistindo deste texto. Preciso ter algo em que apoiar minha observação.

Pois bem, os movimentos sociais equilibram as forças e a administração confluiu à readaptação que o capitalismo se auto impingiu. Como bom sistema dominante, auto-molda-se pela sobrevivência (e não falo em biologismo aqui).

Com o fim da reengenharia e início da era pró-trabalhador (que sem ele não há produção e nem explorados) a antiquada estratégia de Recursos Humanos migrou para a Gestão de Pessoas, mas adequada aos novos tempos que já se instalaram.

É inadmissível hoje uma gestão de pessoas que não respeite as pessoas. Que as deixe por último no processo de trabalho e produção de mais valia. Que não as ouça e não fale com elas.

Mais inadmissível ainda é um gerente de gestão de pessoas que não atente à época em que estamos e não se adapte à ela. Recursos Humanos vem da época em que o homem era só mais uma engrenagem na roda capitalista. Alguém que ainda pense assim está, no mínimo, envelhecido.

Gerir processos humanos na administração hoje exige, antes de mais nada, humanidade e bom senso.

Se você é um gerente (ou tem um gerente) que não orienta, não avalia o desempenho e não corrige atos ou comportamentos do trabalhador, não pode dizer que está tendo problemas com ele. Isso é depor contra si mesmo.

Ao mau trabalhador está primeiramente colada a má gerência e liderança. E as palavras proferidas dizem mais sobre quem fala do que sobre o que se está sendo falado.

Cuidado com as falácias do RH, travestidas com a "pele" de Gestão de Pessoas.

Se é de pessoas, no mínimo, deve respeitá-las.

Maktub.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Santas Expressões Idiomáticas!


Exatamente.

Santas expressões idiomáticas que me fizeram passar algumas poucas e boas.

Como eu contei no post da Pocahontas, sou estrangeira em terra estrangeira desde os 9 anos.

E gosto da minha vida livre de Zíngara, de Gypsy, de Cigana. Já pensei até em comprar um Vurdón e viver nele (o Vurdón é a carroça cigana com tenda redonda por cima!).

O pó da estrada nos ensina muitas coisas. A primeira delas é que você é, foi e sempre será você mesmo.

Sempre que precisar, sabe que é com você mesmo que tem que contar em primeiro lugar. Aprende a confiar em si e a resgatar tudo o que aprendeu.

A segunda coisa é que não importa aonde você for, nunca fugirá de você. Portanto, desista se você tem a idéia de "rodar o mundo" pra fugir dos problemas. Eles, ou melhor, o causador da maior parte deles irá junto de você.

A terceira coisa é que não adianta você se camuflar e tentar mimetizar os usos e a fala do lugar. Esqueça que vai conseguir falar igual aos nativos. Seu sotaque denunciará você, onde quer que você for.

Sotaque??? Sim. Todos nós temos sotaques e quanto eu me flagrei falando "você está entendendo" em sala de aula aqui no Paraná, percebi que meu jeitão paulistano não havia desaparecido. Coloque bastante som nasal nos N dessa palavra e perceberá o que estou dizendo.

A capital paulistana impingiu marcas indeléveis em mim, das quais eu nunca me livraria, mesmo que quisesse. Quando no trabalho eu chamo minha amiga paulistana de "Janethi" e acrescento "você quer "leithi quenthi"? ela entende bem sobre o que estou brincando. Sobre nossa homesick.

Mas até agora só falei de mim, santa egocêntrica que pareço ser!

A questão complicou e ficou engraçada, quando alguém falou comigo, lá em Irati, no meu primeiro mês como nova moradora da cidade.

Alguém virou e me pediu "E., me alcança o lápis?". Eu olhei o lápis ao meu lado, olhei pra ela, ela olhou pra mim e num lapso de alguns segundos pensei "o que será que ela quer dizer com alcançar?". Entendi que era "pegar" o lápis e atendi ao pedido.

Mas aquilo ficou soando estranhíssimo aos meus ouvidos...Saindo dali uma aluna, caminhando comigo e observando o ceú me diz "o céu está brusco hoje, não é profe?".

Brusco?? Santas expressões idiomáticas!

Olhei para o céu e como estava "enfarruscado", entendi sobre o que a aluna solicitava minha confirmação.

Mas agora peguei você de jeito, não é? Enfarruscado?

Talvez quem seja de São Paulo entenda o que eu disse. Esse adjetivo quer dizer "nublado", "tempo instável", da mesma forma que brusco.

O estranhamento se deu devido ao significado que "alcaçar" e "brusco" tem para mim, falante de portugês igualmente a meus interlocutores.

"Alcançar" significa esticar-se para tocar algo em um lugar mais "alto".

"Brusco" significa algo que "movimentou-se rapidamente e de forma inesperada".

Mas o gran finale vem agora.

O Denzos, amigo de meus filhos estava lanchando em casa numa tardinha morna qualquer lá em Irati e ao concluir seu lanche, me disse "Deus que ajude"!

Parei, olhei pro Davi, depois olhei pra Raquel...e depois de algum silêncio eu disse ao Denzos:

"O que eu tenho que dizer agora?"

Holy God!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Srta Fisher


"Olá! Você é a Srta Fisher, não é?"

Foi assim que a Karini veio me cumprimentar (e eu não sabia quem era a Karini até então!).

Olhei pra ela, ela olhando pra mim e sorrindo por detrás daquele girassol na roupa junina!

Daí combinamos baladas regadas à merengue, salsa e rumba lá em Curitiba, sinal que a empatia rolou legal.

O que quero dizer hoje é:

"QUEM É ESSA SENHORITA FISHER?"

Viram algo dela em mim e quero saber o que é, porque "senhorita" não deve ser!

Como eu escrevi outro dia sobre O Chamado, ser chamada por alguém pode ser tanto para o bem, como para o mal e.....quem diabos é essa tal?!?!?!

Tudo começou com a Eveline, numa tarde preguiçosa de sábado, depois de uma feijoada divina e em meio à um dolce far niente vespertino.

A Srta Fisher nasceu em mim e ainda nem sei como representá-la direito.

Claro que estou brincando com a nova alcunha que ganhei e já fui pesquisar. Mas não estou satisfeita, como uma boa ruiva mal comportada que sou.

Lady Tangerine também foi crição coletiva. O Tangerine veio após ver um filme e assumi de cara o nome.

O Lady foi adiconado carinhosamente pelo Álvaro que assumiu a autoria e o uso e manteve sua participação como co-autor do meu alter-ego. Até na festa de fim de ano, lá na frente e ao microfone anunciou que Lady Tangerine havia ganho o prêmio.

Da situação me lembro bem, mas do prêmio, não me pergunte que não tenho idéia do que tenha sido!

A força do nome. A composição de elementos percebidos e a intuição funcionaram no exemplos que demonstrei à você.

Foi tão forte a ação de composição da Eveline e do Álvaro que os nomes funcionam e foram adotados pela "receptora" (e olha que eu sou crítica³!).

Foram chamados para o bem!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ano da França


Enquanto aguardava o momento para conversar, pedi à secretária alguma coisa para ler, porque eu não gosto de ficar "cuidando" de quem passa e já tinha lido duas vezes inteiras o folheto que estava sobre a mesa.

A moça, gentilmente saiu para procurar "algo" para eu ler e trouxe um punhado de jornais...do mês de MAIO. Disse que era pra eu, pelo menos, me entreter com as figuras.

Sorri, um sorriso amarelo, para não ser indelicada, agradeci e abri o jornal de traz para frente.

Sim! Adoro começar a leitura de jornais e revistas pelo fim: as melhores notícias sempre estão ao final!

Cheguei muito rapidamente ao encarte (estava tããããão interessante aquele jornal de 20 de maio!!) e me dediquei um pouquinho mais à notícia: Ano da França no Brasil.

Opa!
Assunto interessante. A matéria seguia informando a abertura de uma mostra no Museu da Língua Portuguesa em sampacity e destacava que nossa língua assimilou umas tantas mil palavras do francês.

Daí decidi desafiar você para um duelo de palavras.

Quantas palavras você usa que sejam francesas ou de origem francesa?

Tempo!

Eu amo brincar com expressões e palavras e, neste desafio sairei em vantagem!

* Quando você vai explicar aquela cor de vinho: Bordeaux (que é o nome do lugar onde esse tipo de vinho é produzido)

* Quando você acende a luz fraca do quarto: Abajour

* Quando está olhando de dentro de casa para fora pela janela do banheiro, olha pelo: Vitraux

* A Tatiana, minha querida amiga enfermeira viva falando que queria comer um: Petit Gateau

* Na padaria você pede uma: Baguete ou um pão...francês

* Se você tem motorista particular você tem um: Chauffer

* Quando alguém espiona os outros é um: Voyer

Ai, cansei!

Mas a brincadeira não pára! Aumente seu vocabulário em francês:

Dossiê, toalete, carnê, garagem, menu, enquete, mousse, omelete, batom, garçom, croissant, bidê (aquela peça do banheiro!), soutien, colant,edredon, guichê, Metrô, maiô, manteau, Robô, Tricô.

Vive la France!

domingo, 14 de junho de 2009

Cores do vento


Hoje, um domingo perfeito, ensolarado e frio, uma bike tinindo de preta (ah, meu corcel e a força do cavalo é minha!) e a nice song flowing in the ears.

Passando ali pela Com. Becker, um cheiro maravilhoso de ciprestes me invadiu. Ali, logo atrás das quadras do Sesc e na frente da Gouveia.

O aroma forte e cítrico me fez flutuar de saudades dos pinheirinhos de natal que duravam 1 semana e, no meu caso, da infância, quando aos 9 anos saí da capital de São Paulo e fui morar numa chácara no interior do estado, quase divisa com Minas Gerais. Lá os ciprestes faziam a cerca viva da chácara com a rua e minhas galinhas e patos iam se esconder lá embaixo, de quando em vez.

Deslizando a rua e saboreando as lembranças instantâneas, de repente percebi que a música mudara. Era Colors of the wind, na voz americana de Pocahontas. Aliás, para mudar a imagem infantil que a Disney imputou sobre nosso imaginário, assista ao filme "O Novo Mundo"(2005), com Colin Farrell, que nos traz uma versão mais adulta e singela.

A heroína Pocahontas diante de um Captain John Smith atônito considera que ainda não conseguia saber se o selvagem era ela:

You think the only people who are people,
Are the people who look and think like you,
But if you walk the footsteps of a stranger,
You'll learn things you never knew, you never knew
.*

* Tradução:
Você pensa que as únicas pessoas que são pessoas,
São as pessoas que parecem e pensam como você,
Mas se você seguir os passos de um estranho,
Você aprenderá coisas que nunca saberia, nunca saberia.



Eu estava pensando nisso há alguns dias atrás. Aliás, eu sempre penso nisso, por ser estrangeira em terra estrangeira desde os 9 anos.

Daí, quero escrever um pouco sobre o sentimento de Estranhamento com o qual sempre nos deparamos. O termo foi desenvolvido pelo antropólogo Roberto DaMatta, autor que conheci nas aulas de Antropologia com o Luiz Henrique Passador (que saudade!).

Estranhamento é quando nos deparamos com o outro, diferente de nós e passamos a definir "o que é" e "o que não é". Você sabe que a palavra discriminar quer dizer "fazer a diferenciação", logo, ao pensar "isto é azul e não é branco", você está discriminando uma cor da outra (e, claro, não está sendo preconceituoso).

No Estanhamento, a Diferença aparece no confronto entre pessoas e culturas e, ao deparar-se com o Diferente, nossa Identidade cultural sofre uma ameaça e só escapamos dela através da discriminação.

Até aqui qualquer pessoa estranha e discrimina e você estaria esculhambando meu texto se estivesse enfadonhamente pensando isso. Calma.

O problema é quando discriminamos e agimos com preconceito, estabelecendo posições, privilégios, diferenças à partir de nossos próprios valores. A pessoa preconceituosa pensa, sente e age à partir de sua própria visão de mundo, sem pensar realmente na Alteridade, naquilo que o Outro pode mostrar e ensinar. Quando acolhemos o Outro na sua diferença, daí sim, aprendemos a pintar com todas as cores do vento, expressão que Pocahontas apresenta à John Smith.

Na Antropologia Etnológica ou Etnologia o Estranhamento é um conceito dentro do pensamento que chamamos Relativização: cada ser humano vê o mundo sob a perspectiva da cultura em que nasceu, porém nos estudos etnológicos, a pessoa deve relativizar a nova cultura com a qual entrou em contato, assim como relativizar as suas próprias noções e valores.

Logo, entra-se num processo de Estranhamento, quando pensamos os valores do Outro no seu próprio contexto, vemos as relações que tem um início, uma transformação e um fim, nos identificamos com ele (esse Outro) e ao mesmo tempo passamos a refletir sobre os nossos próprios valores.

Segundo o Luiz Henrique Passador, as particularidades de ambos os lados se destacam e a sua posição muda ligeiramente em relação à posição em que você estava no seu grupo de origem e se diferencia, quando você passa a refletir sobre a Diferença e suas "verdades absolutas". Você passa a ser diferente do que era e isso exige mudança.

É no Contraste que conhecemos. E contraste pode começar com preto e branco.

Todos somos diferentes, apesar de sermos iguais. Ou você quer que eu altere a ordem? Todos somos iguais, apesar de sermos diferentes.

Voi-lá!

Estranhe o que é diferente de você e pense sobre ele.

Você quer pintar com todas as cores do vento?


How high does that sycamore grow?
If you cut it down then you'll never know!

And you'll never hear the wolf cry to the blue corn moon
For whether we are white or copper skinned
We need sing with all the voices of the mountain
We need paint with all the colours of the wind!

You can own the earth and still!
All you'll own is earth until,
You can paint with all the colours of the wind!

Carta de uma mãe à um filho jovem


Filho:

O mais importante na vida é você caminhar em direção à você mesmo.

Há uma música que diz " Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim. Manso ou atroz, doce ou feroz. Eu, caçador de mim!"

E ela continua "Nada a temer senão o correr da luta. Nada a fazer senão esquecer o medo. Abrir o peito à força, numa procura. Fugir às armadilhas da mata escura".

O Milton Nascimento poderia bem estar falando da análise.

É assim que a gente se conhece: tem que ir atrás de você mesmo, se caçar, visitar os lugares mais escuros aí dentro, não ter medo deles. Não correr da luta (ele diz que só isso devemos temer: correr da hora de lutar).

A gente encontra o que sempre soube que estava lá. Só que a gente reprimia, negava, deslocava pra outras coisas, culpava os outros, fugia, escondia, jogava embaixo do tapete.

Na análise não tem isso. É você com você mesmo. É como se você olhasse dentro de um prisma: tem que revirar todos os ângulos e cantos. Conforme você mexe, as coisas saem do lugar (como no caleidoscópio). Daí você vai pra casa e pensa e sente. E não consegue entender, porque ao mexer, saiu do lugar.

Volta na terapêuta e diz que não entendeu e mexe de novo, dói e a gente chora e grita. Fica com raiva dela, porque "ela" é que é isso ou aquilo...vai pra casa, morre de raiva, mas volta no horário seguinte, porque não parou de mexer no assunto e pensar e sentir.

E assim vai. A mãe entre nessa ciranda de raiva e amor, o pai entra, os irmãos, o mundo, as notícias da tv, a vida que é injusta, o dinheiro que nunca basta, e assim por diante.

A gente sofre e chora tudo que tem pra chorar de frustração para com o mundo e os outros.

A gente odeia e se encolhe, porque ninguém entende a gente. A gente tem pena da gente mesmo e se odeia.

Mas sempre sai disso e a vida lá fora da terapia está rolando, o sol está brilhando, a crise econômica continua igual.

As pessoas estão vivendo e morrendo. E a gente está em outra dimensão: a que é exclusivamente sua.

Você vai entrar num mundo só seu. E encontrar seus monstros e heróis. Você vai odiar o que encontrar, mas vai querer voltar lá, mais e mais, porque você quer saber o que tem do outro lado.

Afinal, você quer saber quem você é de verdade.

Saber aquilo que você consegue e principalmente aquilo que você não consegue fazer. Saber o que tem que fazer pra conseguir. Sofrer com a impotência e arrumar forças pra vencê-la. Ou aceitá-la tranquilamente e partir pra outra. E ainda assim continuar sendo você mesmo. O tempo todo.

Todo o mundo está lá fora e nem percebe a sua luta.

Mas você está lá: bravamente lutando. Desesperadamente lutando, até.

E só revirando cada canto escuro do teu prisma que a tua luz vai sair multicolorida e linda do outro lado de você mesmo.

Não tem outro caminho. Só esse.

Você vai lutar contra você mesmo e à cada luta vai sair mais e mais fortalecido. Não é a luta do bem contra o mal, que isso a religião criou pra sacanear as pessoas.

Você vai lutar contra a frustração, a pena de você mesmo que te mantém paralisado. Vai lutar contra a sua autocritica que te pune e vai aprender a se aceitar melhor. A se perdoar e se amar, não deixando que a culpa te castigue.

Aqui fora as pessoas até podem reclamar. Vão reclamar que você não é mais o mesmo. Que você está malcriado ou egoista. Que você não dedica mais o tempo que dedicava à elas antes.

Mas isso é em vão. Elas reclamam, porque estão te perdendo, estão perdendo as regalias que tinham, enquanto te controlavam, enquanto você está se ganhando pra você mesmo. Vão reclamar, sim, enquanto você está se fortalecendo, se entendendo e aprendendo a dizer NÃO aos parasitas, aos encostados (que adoram se jogar em cima dos outros para os outros carregarem).

Você vai aprender a ver teu prisma e deixar tua luz brilhar e vai aprender a reconhecer isso nas pessoas. Isso vai te ajudar a escolher melhor as companhias e a escolher pessoas e situações que te ajudem a crescer e se desenvolver e a rejeitar aquelas que te escravizam.

Suas decisões serão maduras e mais acertadas, porque você estará consciente, lúcido e com os olhos bem abertos. Como Sidarta que chegou à iluminação.

Primeiro ele saiu do palácio, descobriu a miséria, a dor, a morte e se tornou asceta. Não comia, nem bebia e só meditava.

Até que ouviu um mestre dizendo ao aluno: "Se você apertar a corda do violão demais, ela se rompe. Se você deixar a corda muito frouxa, ela não emite seu som. Precisa apertar a corda no meio, na medida certa."

Sidarta entendeu que o Caminho do Meio era o caminho certo. E meditou. E venceu a ilusão, venceu o medo, venceu a frustração, porque se colocou para além dos bem mundanos e das vaidades.

E assim chegou à sua luz própria, ao NIRVANA. E daí passou a ser chamado de "BUDA" que quer dizer "o iluminado".

O caminho do teu nirvana está à sua frente e dentro de você.

É só seguir que a gente te espera lá do outro lado do túnel, filho!

A gente te espera onde a gente sempre esteve: aqui fora!

Te amo incondicionalmente.


Como sempre foi.


Como sempre será.


MÃE.

sábado, 13 de junho de 2009

Dramaticidade trágica do Tango


Calma. Não fui redundante.

O objetivo do título era causar mesmo. Quem me conhece, sabe disso. Gosto disso.

A questão é sobre o Tango. A gente cresce ouvindo músicas as mais diferentes e isso acaba fazendo você se tornar um cidadão do mundo.

A música bem feita comunica-se com nossa alma, retira dela os anseios e desejos, libera nossa instintividade e deixa que a gente alce voo (sem acento circunflexo, de acordo com a reforma).

Pois bem, ouvi músicas de todos os tipos no radinho da vitrolinha azul parecida com esta aqui.

E como uma boa "mala sangre español" que sou, ouvi estórias de filmes mexicanos, de contos espanhóis (do meu pai) e músicas em catellaño que minha mãe e tia ouviam (elas não sabem que eu prestava atenção nas conversas delas).

E daí o Tango foi paulatinamente entrando no meu imaginário.

A situação ficou pior, quando toda a dramaticidade que eu via na vida e a forma como eu às vezes reagia à ela, estavam todas refletidas naqueles sons fortes, cheios de arrastamento e letras trágicas.

TANGO é palavra africana e significa "escondido". Se você observar bem há elementos da capoeria de Angola nas milongas dançadas juntinhas e quase abaixadas, como se fosse um desafio que cada um do par faz ao outro. Parte da história do Tango você pode acessar neste site e se quiser ver um contemporary dancer de verdade, com verve, veja Pablo Véron dançando logo abaixo, em cena do filme The Tango Lesson. Pesquise.

Tango é drama, como a vida é drama. Sofrer, lutar, fracassar e levantar novamente. Um drama trágico, como a vida é trágica, às vezes. Está tudo ali nos acordes e harmônicas, desenhando um mosaico de sentimentos e sensações exuberantes, que nos transbordam.

Hoje temos as versões do Tango eletrônico, como o Gotan Project (meu preferido), o Tangheto (talvez o primeiro grupo), o Otros Aires e o Bajofondo (que alguns devem ter ouvido na abertura da novelinha...ica!), além do Narcotango e outras versões.

Tango faz meu sangue pulsar nas veias velhas. Abre minha instintividade e me enche de vida.

Vale!Como en un buen saludo español!


Para seu prazer aqui está The Tango Lesson, con Pablo Véron, filmado em P&B na décado de 80. A música é minha favorita Libertango, de Astor Piazzolla.



Este tango eletrônico é do Otros Aires e traz elementos árabes misturados. Ouça.
Também é possível observar os elementos africanos na milonga.



E para uma overdose de Libertango, uma apresentação de patinadores no gelo. Fantástica!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O chamado 2



As imagens dizem por si e o texto vem logo à seguir.

Aqui vai a Srta Fisher de presente pra Rapeize toda!

Obrigada por me "chamarem" com tanto carinho!

bjs!

O chamado


Ao começar a dormir ontem, ouvi minha mãe me chamando "E......eeeeee". Aquele típico chamado de mãe, cuja voz está dizendo "onde você está que ainda não veio pra casa? tá escurecendo" e pelo tom que seu nome é chamado você já sabe que sua orelha vai ficar quente e vermelha.

Se bem que ultimamente as crianças não saem mais à rua para brincar e os pais perderam toda a autoridade, virando bobos nas mãos dos filhos. Mas deixa pra lá.

Na minha infância era assim. O nome, o seu santo nome era chamado em vão!

Acordei levemente daquele delírio auditivo (é claro, porque minha mãe não estava me chamando, mas era a minha mãe da infância) e pensei, ainda com sono sobre esse lapso que me ocorrera e me levara instantaneamente à minha infância.

A voz que ouvi tinha esse tomzinho ameaçador que citei acima, mas foi bom ouvir minha mãe me chamando (coisa que ela não faz mais, nem para o bem, muito menos para o mal. E hoje temos as facilidades do telefone, hein?!).

O que eu pensei, escrevo agora para você ler.

O seu nome é algo único e a segunda coisa que define você. A primeira claro que é aquela parte do seu corpo que, ou nasceu para dentro, ou nasceu para fora....tá ligado?

O sexo biológico é nossa primeira definição como organismo vivo. Até aí, qualquer animalzinho passa o mesmo que você. É somente quando um pai e uma mãe, ou só uma mãe, ou a avó, avô, mãe, tios, a comunidade inteira pensam qual será o nome do bebê é que aquele organismo começa a ser gente.

O nome é fruto de um desejo. Isso mesmo! A mãe precisa desejar o bebezinho que está ali dentro do barrigão. Precisa sonhar com ela/ele, pensar em quem seu filho/filha vai ser, desejar, desejar e construir todo um enredo de significados para aquele bebê.

Não é só um bebê que está "" dentro da barriga. É um ser desejante e que precisa ser desejado.

Daí vem a função do nome.

Existe uma piadinha que diz "Como você se chama?" e o outro responde " Eu não me chamo...são os outros que me chamam".

Essa é a mais pura verdade.

O nome é o segundo fator que imprime uma marca indelével no ser humano. O poeta João Cabral de Melo Neto escreveu um poema sobre Severino e, logo ao início, Severino se apresenta e comenta que ele é Severino, único, mas igual à outros tantos Severinos em vida.

O fator mais importante na identidade de uma pessoa é seu nome. E eu te pergunto: Você sabe como foi a escolha do seu nome? Seus pais já contaram como foi escolher, ou o motivo de terem feito essa escolha?

Pergunto mais: você sabe o que significa o seu nome? Você pode pesquisar neste site (A cara dele é meio assustadora, eu sei, mas é de confiança. Vai fundo!)

Esta é a pergunta mais importante a ser respondida. O seu nome diz muito sobre você e diz "algo" sobre o desejo de seus pais, ou avós ou da comunidade. Eu diria que ali, no seu nome, está quase que uma missão para você. Mas não exagero. Eu disse "quase", porque há nomes que siginificam o lugar de origem de alguém, como por exemplo "Cinthia" que quer dizer "aquele que veio de Cinto" (fica na Grécia). Ou "Caetano" que quer dizer "aquele que veio da região de Gaetana".

Logo, não há missão alguma contida aí. Mas há uma missão, sim, se Cinthia ou Caetano foram pessoas importantes na sua família. Por isso, vá pesquisar já!

Então, você nasceu bonitinho ou bonitinha, era o "Mateus da vovó" ou a "Letícia do vovô" e cresceu orgulhoso de si mesmo até descobrir na rua, na vizinhança, na igreja ou, no lugar mais trágico do mundo, na escola, que você não é o único Mateus ou Letícia.

Descobre que assim como você, há uma legião incontável de Mateus e Letícias, Carolinas, Lucas e Tiagos perambulando por aí.

Nasce aí uma das feridas narcísicas que carregamos para toda a vida (outro dia falarei sobre elas).

Chamar é trazer para si. É chamar a atenção. É trazer à tona. É seduzir e despertar.

O nome de Deus não pode ser chamado em vão pelos judeus. Seria uma heresia incomensurável e imperdoável despertar Deus de sua posição onipotente. Por isso eles possuem uma letra ALEPH para significar Deus (e tenho um conhecido que colocou "a letra do nome de Deus" no filho....pudera!)

Há mitos e estórias em que você não pode pronunciar o nome, porque senão chama para si a ira dos gênios maus, das bruxas do sabath. Aliás, muita gente até hoje crê que não se deve invocar o nome do senhor do mal, do demônio, porque senão, ele vem. Ui!

Portanto, ouvir seu nome sendo chamado pode ser divino, como pode ser aterrorizante. Depende de quem está te invocando e depende do motivo pelo qual faz isso.

Seu nome pode ser chamado, invocado para o bem ou para o mal. Pode ser uma voz doce e carinhosa que te chama pra ir pra cama, para vir almoçar ou para elogiar e reconhecer. Como também pode ser uma voz áspera e ranzinza que te chama para a vergonha pública de uma nota baixa,uma bronca ou uma voz debochada que chama pelo seu nome e acrescenta mais algum adjetivo idiota só pra te zombetear.

Para os meus conhecidos contarei que meu nome significa "luz, sabedoria" e isso me faz pensar muito antes de dizer uma bobagem. Na realidade, vocês que me conhecem sabem que além de psicóloga, sou professora universitária e acredito que estou cumprindo, e bem, a minha missão ou tarefa: a de iluminar com sabedoria.E eu amo ser chamada assim!

Não é pedantismo, não. É consciência do valor que devemos ter sobre nós mesmos e para com os outros.

E toda vez que você invocar o nome de alguém, que seja uma atração para o que é bom e divino!

Salaam Aleikum

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Eram os deuses astronautas?

Atendendo à um pedido muito especial da Michele Matos comecei este blog que será demi sério para não aborrecer demais os leitores.

Aliás, leiam os textos dela que são divinos, infernais de surpreendentes. A melhor escritora de blog destas paragens!

Em alguns momentos nas aulas de Publicidade e Propaganda deparei-me com situações inusitadas em relação às dimensões onde aluno/professora se encontravam. A Michele comentou que sente falta daqueles momentos non-sense, um mix de absurdo e viagem sideral.

Sempre me lembro de uma letra do Jim Morrison que sugere Break on through to the other side. Claro que the Doors estavam abertas à força de ácidos e bagulhos loucos da época e o romper do outro lado só era possível dessa forma, então.

Ensinar a romper para o outro lado numa sala de aula sem qualquer subterfúgio químico (é essa a intenção de uma aula, claro) é um desafio um tanto quanto sacrificioso em função da falta de asas.

É necessário sermos seguidos no mergulho no imaginário e na abstração necessária para empreender uma viagem pelo que temos de humano: o pensamento.

A mente humana é capaz de criar elementos, imagens através da racionalização, claro, mas, principalmente, através da abstração e capacidade de assimilar e transformar o que transcende a matéria.

Vivemos um período essencialmente materialista, sem ideais, sem sonhos e utopias que nos façam criar imagens e agir sobre o mundo. E a publicidade não se furta à essa falta de potência criativa. Não consegue erguer os pés do chão, nem mesmo em um sobrevoo rasante básico. Quanto mais alçar a estratosfera e órbitas extraterrestes da inventividade...

Dia destes me sobreveio uma imagem cruel (diga-se de passagem que para ser uma pessoa realista e objetiva é necessário enchergar a crueldade existente), de como a propaganda tornou-se inócua, igualmente à imobilidade ou mesmo hommerisse (neologismo para síndrome de Hommer Sympson) que predomina na grande massa de consumidores hoje.

Os anúncios são rasos, explicitamente demonstrando a pobreza de espírito e de criação que predomina a área.

O vídeo que destaco foi sugerido como um comercial que nos faz rir. O que ele retrata é exatamente a posição dos criadores de comerciais e os consumidores que estão ambos na mesma situação empobrecida e mecânica.

Eu diria que é um comercial que escancara a síndrome que citei acima e é uma metáfora para o que estou descrevendo. E ainda nos faz pensar: "onde estão os astronautas?"


quarta-feira, 10 de junho de 2009

In & Out


Tendências são observadas e perseguidas com ferocidade.

Administradores, designers, modistas, artesãs, publicitários de plantão e uma gama endless de pessoas e curiosos (como uma professora farsante me chamou um dia por aí) perseguem as tendências como raiders of the lost arc treloucados.

Falarei sobre tendências. E juro que me calarei para sempre. (Claro que se houver pedidos carinhosos eu considerarei um breef return).

A tendência é o futuro, logo, se você olhar pra ela, ela já não está mais lá. Muda de lugar.

Se formos analisar mais acuradamente, veremos que o que chamamos tendências nada mais é do que um mix do que "aí já está" com "aquele desejo capturado".

Pensar tendências é desde já construí-las segundo uma lógica, ou como diriam A&H*, segundo o pensamento administrado, calculado milimetricamente na prancheta e colocado em prática nos pixels da midia.

Certa vez ouvi dizer que há uma certa "Senhora da Moda" que, pousada sobre sua teia obscura, determina as tendências das próximas estações.

Estilistas, designer do mundo, produtores de moda, escolas que se virem para dar anima aos desejos mínimos da senhora.

Uma spider sobre sua teia e seus lacaios. Que bela imagem crua da indústria que mais cresce no mundo.

Pensar tendências é seguir o modelo imposto.

Digo mais: o que poderia ser uma "tendência" está inscrito naquilo que não se vê. Se você vê, então não é tendência. Já está aí e pronto.

Só os realmente criativos, mas digo de novo: aqueles que na real são criativos é que podem capturar o que não se vê, mas se sente e transformar isso em matéria.

Os artistas e loucos são os receptadores legítimos das "tendências" que flutuam por aí entre um anseio e um suspiro de angústia.

Na administração de empresas não poderia ser diferente. Pouco se escreve sobre as tendências e, em um trocadilho infame, isso demonstra a tendência dos administradores em controlar em lugar de se antenarem. "Dar a César o que é de César" disse um dia um grande líder revolucinário galileu: foi dado à esses administradores o que lhes era devido.

Aqueles que conseguem são consagrados como os gurus da área, mas logo percebemos que suas fontes de insights são corrompidas pelo engrossamento de suas contas bancárias e pelo laissez-faire que se aboleta neles, de maneira proporcional às dobras que seus torsos ganham geometricamente.

O paradoxo está instalado: ser administrador é, imanentemente, não ser um receptor de tendências. Muito menos um observador delas.

Logo, decidem-se pelo "que já é" e "pelo que vem sendo", repaginando tudo como uma tendência. É só observar a onda Vintage que se abateu sobre os mais pluggeds overthere.

Tender é "caminhar para uma decisão", logo, a ação de observar tendências está paradoxalmente equivocada e irremediavelmente morta antes de nascer.

Inch Alah.

* A&H= Adorno e Horkeimer