
O medo impele os audazes. A sorte os favorece.
O medo é um instinto necessário para qualquer ser vivo. É ele que nos coloca em alerta e garante a sobrevivência.
Ter medo é saudável e recomendável. O problema é quando o "sentir medo" se torna mais gratificante do que sobrepujá-lo.
O tema reincidente no filme Alexander, de Oliver Stone é o medo impulsionador de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia e conquistador do mundo oriental.
Da mesma forma em que o medo pode paralisar (basta lembrar alguns comportamentos miméticos na natureza, onde o animal finge-se de morto instanteneamente), pode, por impulso, arremessar a pessoa ao encontro de seu elemento gerador, movimentando grande energia psíquica para a reação e para ação.
Como já escrevi uma vez neste blog, a civilização cobrou preço alto para seu estabelecimento e Freud nos alerta que trocamos a liberdade pela conveniência. Passamos a preferir a manutenção do status quo e deixamos a conveniência nos arrancar o tônus muscular, a força de nossas mandíbulas e nossa "força de vontade". Somos flácidos corporalmente e mentalmente.
A iminência do perigo real nos aguça os instintos, acelera a adrenalina para permitir a prontidão para ação, agudiza a análise do momento e deveria impelir à ação.
Alexandre era jovem e inquieto. Aos 20 anos era rei da Macedônia. Tinha suas dúvidas e auto afirmações a consumar. Sabia. Foi educado por Aristóteles e conhecia o mundo da época. Sabia que o continente alongava-se para depois da Pérsia e que pelo mar poderia voltar ao Egito e a seu mundo conhecido.
Conhecimento é a base da competência. Habilidade é o segundo ponto: ele foi educado como guerreiro e estrategista, como príncipe macedônio que era. E a atitude era sua marca pessoal: diante do medo, a impulsividade o impelia à ação, retirando do conhecimento e da habilidade os elementos necessários para ter sucesso. Nunca perdeu uma batalha.
O medo era a fonte geradora de sua grande energia psíquica. Seu comportamento audacioso era avaliado como petulância e instabilidade. Foi conquistador e sanguinário. Destruiu o império de Dario III e apossou-se da Pérsia e Egito.
Ao mesmo tempo era o Defensor da espécie humana, sendo este o significado de seu nome. Como helênico que era respeitou culturas, famílias e incentivava a união de macedônios, gregos e povos conquistados.
Alexandre usava o medo em seu favor, para gerar impulso e ação. E a sorte o favoreceu.
Ninguém mais igualou-se em realizações e conquistas.
Alexandre sentia medo e foi Magno, o Grande.
Ci vediamo presto.